Leves e ligeiros como os pássaros ou como uma pluma???
- psiantoniovieira
- há 3 dias
- 2 min de leitura
Atualizado: há 2 dias

Vivemos numa época que celebra a leveza: tudo precisa ser mais rápido, mais fino, mais light; dos telemóveis às roupas, dos pensamentos às conversas, mas esquecemo-nos de que a verdadeira leveza não se mede apenas pelo peso das coisas, mas também pela forma como nos relacionamos com elas.
A pluma é leve porque nada nela resiste: flutua ao sabor do vento, sem direção própria, entregue ao acaso. O pássaro, porém, é leve de outra forma: possui ossos frágeis, asas que se sustentam no ar, mas carrega dentro de si um destino, uma busca, um movimento com sentido.
No trabalho psicoterapêutico, esta diferença pode inspirar-nos: há uma leveza que nos dissolve, quando nos deixamos apenas levar pelos ventos exteriores, e há uma leveza que nos fortalece, quando aprendemos a voar com as nossas próprias asas, escolhendo um rumo. Ser leves como as aves é cultivar a arte de viver com menos peso; menos culpa, menos rigidez, menos necessidade de controlo e sem perder a direção, o sentido e a singularidade que nos habita.
Na filosofia, esta imagem remete-nos ao desafio humano de não confundir a liberdade com a dispersão. O voo do pássaro é liberdade com disciplina: não é fuga, mas criação de caminho no espaço. Talvez seja isso que nos falta reaprender: uma leveza comprometida, uma existência capaz de dançar com os ventos sem se perder neles.
E por "último", na poesia, tudo se diz melhor em metáfora:
Sejamos leves não como plumas que se perdem, mas como aves que encontram no ar a sua morada. Que cada gesto seja asa, cada pensamento horizonte, e cada encontro, voo...
Talvez, assim, lembremos de que ser leve não é desaparecer, mas aprender a existir com delicadeza e firmeza ao mesmo tempo; como um pássaro que pousa, parte e retorna sempre ao céu do seu próprio significado.
Comentários